Thássio Ferreira – Poema Línguas | Sarau Literário

Escritor radicado no Rio de Janeiro, publicou os livros de poesia (DES)NU(DO) (Ibis Libris, 2016), Itinerários (Ed. UFPR, 2018 – obra vencedora do I Concurso Literário da Ed. UFPR) e agora (depois) (Autografia, 2019). Mantém a coluna “Alguma coisa em mim que eu não entendo” na Revista Vício Velho, e possui contos e poemas publicados em diversas outras revistas e antologias, como Revista Brasileira (nº 94), da Academia Brasileira de Letras, Escamandro — poesia tradução & crítica, Gueto, Ruído Manifesto, Mallarmargens, Germina, Revista Ponto (SESI-SP) e InComunidade (Portugal).

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Poema: Línguas

Poeta: Thássio Ferreira

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“eu você

os homens brancos das academias de belas letras

de ciências

dos institutos tecnológicos

e cadeiras de antropologia

linguística e etimologia

perguntamos

ao caboclo à maninha

zezinho txai huni kuin juruna

(todos que misturo sem confundir

mas que não qualifico porque

não devo não posso

não me cabe)

perguntamos

se uacari, que denomina

um certo macaco de cara vermelha

significa “algo”

e o primo entreabre os lábios

olhando-me comprido

com a cara inclinada:

significa este macaco de cara vermelha, ora

por acaso macaco significa algo

que não macaco?

chimpanzé orangotango mico sagui

que importa a origem dos nomes

quando servem a nomear

as coisas que há?

mania nossa, homens exóticos ao puro chão

de achar que sob o mesmo céu

e mesmas sístoles diástoles sístoles

que pulsam em todo coração

os irmãos que chamam uacari

aos macacos de cara vermelha

querem dizer sempre em cada coisa

(em cada grão)

algo mais do que macaco do que rio do que feijão

quando dão nomes às coisas

como se japurá não pudesse

ser tijolo chinelo óculos

kiwik músico tõ’õramū

(lê-se e fala-se tonramã

isso eu sei e é isso mesmo)

como se os nomes que os outros dão

não pudessem como os nossos

ser apenas os nomes mesmo

uacari macaco porto

arigó banzeiro urami

dia santo

colibri

perdão”

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