Poema de André Eitti Ogawa – Contracorrente, presente na nossa antologia Chorando Pela Natureza: Poesia Geopolítica Ambiental. Leia de Graça.
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André Eitti Ogawa – Contracorrente
Numa matinada do mês de agosto
enquanto os tetéus retocavam o seu ninho
Alberto despertou super disposto
e tomou logo cedo o seu caminho.
Viu um besouro peregrinando pelo chão.
Colheu do pé um fruto mélico da estação.
Distraiu-se com o sol nas copas cintilantes.
Viu um colibri descansando por um instante.
Sentiu no rosto uma leve brisa quente
e um límpido conforto despertou em sua mente.
Mas num espasmo de lucidez
daqueles que nos acometem de quando em quando
Alberto refletiu com nitidez
e logo tudo perdeu o seu encanto.
Então veio a imagem de um biguá repleto de petróleo.
Os povos da floresta com todo o seu espólio.
Um tapirucu enroscado em uma máscara facial.
Uma reserva trocada por canavial.
Uma baleia numa rede sufocando
Um papagaio de gaiola em contrabando.
É, a consciência só repousa tranquilamente
Para os tolos, ingênuos e indiferentes.
E seguiu o seu caminho,
andando em frente,
roteando contracorrente
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Poema: Contracorrente
Poeta: André Eitti Ogawa
Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski