Caetano da Costa Alegre – A Negra | Poesia São Tomé e Príncipe

Caetano da Costa Alegre foi um poeta de nacionalidade portuguesa, nascido no seio de uma família crioula cabo-verdiana, na então colónia portuguesa de São Tomé. Em 1882 mudou-se para a Metrópole e frequentou as aulas de uma escola de medicina em Lisboa, para formar-se como médico naval. Nasceu em 1864 e morreu em 1890 de tuberculose, aos 25 anos. Ganhou o título de “Criador Da Negritude Em Poesia”

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Caetano da Costa Alegre – A Negra

Negra gentil, carvão mimoso e lindo

Donde o diamante sai,

Filha do sol, estrela requeimada,

Pelo calor do Pai,

Encosta o rosto, cândido e formoso,

Aqui no peito meu,

Dorme, donzela, rola abandonada,

Porque te velo eu.

Não chores mais, criança, enxuga o pranto,

Sorri-te para mim,

Deixa-me ver as pérolas brilhantes,

Os dentes de marfim.

No teu divino seio existe oculta

Mal sabes quanta luz,

Que absorve a tua escurecida pele,

Que tanto me seduz.

Eu gosto de te ver a negra e meiga

E acetinada cor,

Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada

Pelas chamas do amor;

Que outrora foste neve e amaste um lírio,

Pálida flor do vale,

Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te

O seio virginal.

Não chores mais, criança, a quem eu amo,

Ó lindo querubim,

O amor é como a rosa, porque vive

No campo, ou no jardim.

Tu tens o meu amor ardente, e basta

Para seres feliz;

Ama a violeta que a violeta adora-te

Esquece a flor-de-lis.

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Poema: A Negra

Poeta: Caetano da Costa Alegre

Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski

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