Apaixonado por música e arte, baiano da cidade de Cruz das Almas, trabalha também como produtor cultural. Escreveu o poema “O Reinado de Reinalda – uma rainha que começa com Rei, em 2016, um mês após o falecimento de sua mãe, inspirado na canção Dona Cila de Maria Gadú.
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Wagner Gomes – O Reinado de Reinalda – uma rainha que começa com Rei
O sorriso do retrato
Não a registrava de fato
Já a gargalhada da vida
Uma delícia divina
Pra quem com ela tinha contato
Acordava com o sol
Na terra que a acolheu
E seguia à caminhada
Ao “dar no pé” botava no chulé
De manhã cedo a meninada
Sua prole, sua vida
Dá pra contar nos dedos de uma mão
Mas ela dizia que eram poucos
Acima de tudo, nunca deixou faltar o lápis nem o pão
Conhecia muita gente
Meia hora bastava pro papo
A cada novo contato
Só que dos defeitos que ela tinha
Era dizer que quem falava pouco
Tinha espírito fraco
Na labuta de sua vida
Pra criar os cinco filhos
Nunca um cigarro cruzou seu rumo
Mesmo assim foi operária
Exatamente da indústria do fumo
Perto da aposentadoria
Foi pra lida em colégios
Mudando assim sua carreira
E graças à sua simpatia
De alunos a professores
Ganhou filhos pra “desgrameira”
Na infância à escola foi bem pouco
Já que na roça educação não era o desejável
Mesmo assim ela era danada
E até às vezes atropelando o português
Tinha uma dicção impecável
Aí vieram os segundos filhos
Amou tanto que a vida mandou quase uma dúzia
Aqui os chamo de netos
Entretanto, o destino traiçoeiro
Decidiu contar só nove
Porque os outros quase não passaram de “fetos”
Por ironia do destino
Hoje tão cedo sua “Alma”
Voltou a morar em “Cruz”
Ao lado de dois dos netos
E daquela que lhe deu à luz
Mas antes de ir embora
E de passar por tanta dor
Se juntou com as amigas
E bem na melhor da idade
Sorriu e até sambou
Tocando num machucador
Para os filhos era Mainha
Foi vovó, sogra, Nalda, Rena e Rei
Pros sobrinhos Tia Dinda ou Nanada
Mas aviso pra aqueles que não acertavam
Seu nome certo era Reinalda
Com sua precoce partida
Pra gente é como faltar água num rio
Mas aqui deixou sua irmã amada
Que apesar de Alaíde
Para nós é “Tia Til”
Hoje digo com emoção
Com o coração “estraçalhado”
Há, se Deus permitisse Mainha!
A sua “bença” mais uma vez eu pedir
E ter a senhora, por um segundo, ao meu lado
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Poema: O Reinado de Reinalda
Poeta: Wagner Gomes
Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski