Profissional do marketing, mãe, mulher de 40 anos que por toda sua vida, foi apaixonada por Poesia. Seus poemas são delicados e existencialistas, transparecendo a alma observadora e sensível da poeta. Um mergulho lírico de muita intimidade.
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Poema: Ofício de Poeta
Poeta: Lilly Magaflor
Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski
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“É ofício de quem nasceu sob o
signo da Poesia,
sentir todas as dores do mundo.
É isso que nos habilita a ver que
há beleza em tudo:
na Vida
na morte
no sujo
na lama da sarjetas
no vômito do bêbado
na devastadora miséria humana
na perda
na doença
no mundo que vaga sombrio sem
saber de si, esquecido de sua história e
por isso, produz monstros.
Em toda luz há a sombra.
Portanto, toda sombra traz
a sua luz também.
É ofício de quem nasceu sob o
signo da Poesia,
saber disso!
Saber e cantar!
Versar sobre a beleza que
existe nas sombras.
É ofício de quem nasceu sob o
signo da Poesia,
abraçar-se com a dor e fazer
dela sua bandeira.
As mentalidades estão dormentes.
Tementes a falsidade de uma
promessa de paraísos.
Viciadas na anestesia do cotidiano
e religião.
Fogem de suas dores e acabam
escravizadas a mais sofrimento.
Abraçados a dor, cantamos!
Canta, Poeta!
Finja até que sofra.
Sofra até que doa.
Doa até que seja liberdade em
versos de um canto como um
grito das profundidades humanas.
Revolvendo os sedimentos da
comodidade estática:
desperte os dormentes,
acorde os anestesiados,
salve as consciências da
tragédia de fugirem de si.
É seu ofício, Poeta, e de mais ninguém,
ser a voz que não se esquece,
ser aquele que primeiro chega.
Se há um recôndito escuro e sujo,
é seu ofício, Poeta, desbravá-lo,
desvendá-lo, entregar a resposta a dor,
a solução destilada de sua alma.
Alma que veio para viver tantas vivências,
imaginar-se até ser outro.
Há tanta voz muda que precisa falar,
é ofício de quem nasceu sob o
Signo da Poesia, traduzi-las à linguagem
da eternidade.
(…)”