Bruno Black é morador da Comunidade do Fumacê em Realengo – Zona Oeste do RJ. É poeta e vive dos seus livros, é produtor cultural, agente literário e apresentador. Tem 14 livros publicados e tem um lema: Se tens um dom, seja!
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Poema: Cala A Boca Trabalhador
Poeta: Bruno Black
Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski
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“O sol nasce
Os pipocos na favela comem
Comem nossos ouvidos
Comem nossas forças
E o medo nos invade
Mas o que fazer?
Temos que trabalhar
Para trazer o pão de cada dia para casa!
O sol continua se pondo
Só os tiros parecem iluminar o céu
Policiais,inexistentes
E o trabalhador começa a sonhar com a trégua da guerra
Que não é no Iraque
Para então não perder a fonte de cidadania que o faz alimentar sua família.
A trégua aconteceu
Mas apenas por um minuto
E quem ficou
Ficou
Ficou a deriva de balas que procuram vingar as dores de vagabundos
E fica quicando de um lado para o outro
Quicando sem parar
Sem parar até furar alguém.
O sol vai embora
E o trabalhador agora briga com o tempo
E pede outra trégua
Para pode chegar em casa
Ele corre entre brilhos agitados
Ele corre para salvar a própria carne
E quando chega em casa
Encontra a sua parede furada Seus filhos estraçalhados Sua mulher morta e com a cabeça arrebentada E o pão sobre a mesa a sua espera Em silêncio E as escuras Ele junta suas forças E vela a morte dos seus Como se ele fosse um padre.Nada mais ele podia fazer Quem iria chamar?Os cúmplices?Os assassinos?Quem?Então a voz da razão disse:Cala a boca trabalhador!”
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