Pedro.Preto – Moleques Não Dormem | Sarau Literário

Sou Paraense, Preto, Assistente Social, Professor de Pós Graduação, Militante da Luta Antimanicomial no Pará, Autor do Livro “Vozes da Família de Pessoas com Esquizofrenia” Ed. CROMOS. Faço poemas críticos desde 2019. Com minhas reflexões poéticas contribuo com a resistência Preta.

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Poema: Moleques Não Dormem

Poeta: Pedro.Preto | @jrpedron

Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski

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“Siestas

Tempos em descobertas, fugas, corpos, molecagens

Pais dormem

Na pedra do necrotério um Corpo Preto

Era um dos lugares de descobertas

O corpo com odor forte, marcas de violência

Fissuras do tempo de chumbo Indigente

Era o corpo anunciado

Por muito tempo observamos tudo

O tempo parou e também nos observou

Havia energia naquele Corpo Preto

Histórias não reveladas

Encontramos um elo: observar

Por dias em 70, não conseguia dormir

Via cores estranhas, a tela do mosquiteiro era ampliada

Vinham distorcidas

O medo de falar da origem era guardado pelos códigos dos moleques

Pactos para preservar a memória coletiva

Encantado lá estava

Por um Preto na pedra

Sem maldade, uma aproximação

Elos da ancestralidade

Rezas para afastar o “encosto”

Desnecessárias

O moleque em mim, a encantaria

Só o “Crioulo”para tirar esse encantamento disse minha Avó

Nordestina, sábia, também preta

“Crioulos”eram africanos vindo de Cayenne

Nos ritos e toques nos corpos, com os óleos e ervas

Usavam o kréyòl

Pretos-Crioulos aos encontros de outros pretos

Aos encantos

Continuei

Havia outros pretos que não estavam naqueles ritos

Mas na pedra

Naquela pedra

No Preto indigente

Todos preocupados, mundiados também

Outra decisão: levar para a “Tenda” Lá estariam todas as entidades pretas

A “Tenda”continua e milhares vão à procura

Procura que me fez encontrar o Preto da Pedra novamente

Libertação

Que ele não conseguiu, pois esteve sozinho

Encantar-se é encontro e não perda

Preto encontro de moleque

Para a liberdade da solidão Preta

Hoje sigo, Dandara, Zumbi dos Palmares, Stella de Oxóssi, Marielle, Ágatha

O Preto da Pedra sem saber seu nome

Ancestralidade, memória, resistência, consciência”

Descubra mais em www.jessicaiancoski.com

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