Poema de Hortência Siebra – Escalada, para o especial Novos Autores Pela Diversidade, Estereótipos de Corpos/Padrões de Beleza.
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Hortência Siebra – Escalada
A lente dentro do embaçado.
São digitais de um e outro, sobrepostas.
No espelho,
mais refração das vozes do alheio
Do que reflexo daquilo que há.
É um eco cheio de imperativos vazios
Conduzindo ao vão,
Onde mora o que se padronizou,
Numa localização absurda
Sempre aquém ou além do possível.
Corpo meu? não.
Corpo encolhe e alarga,
Corpo envelhece e morre,
Corpo vira pó.
Ser só corpo é perecer.
E isso não me basta.
Nunca me bastará.
Fecho os olhos,
Respiro, sinto meu corpo
Subindo a montanha primordial.
Corpo-casa de morada quieto.
No alpendre, o de dentro conversa com o presente.
Abro os olhos.
A lente limpa silencia a refração.
No espelho, uma reflexão luminosa.
A divindade que habita o corpo
Manifesta em milagres,
Vertendo o corpo-casa em corpo-lar.
Corpo Largo do Indizível.
Corpo meu.
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Poema: Escalada
Poeta: Hortência Siebra
Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski