Erwany Nawar – Esperança é uma coisa engraçada de se ter enquanto o mundo desaba pelo lado direito do armarinho anelado | Concurso Literário

Sou maranhense, estudante de filosofia e atualmente resido no Espírito Santo. O tédio e o tempo são temas que constituem a base dos meus escritos; a discussão revolucionária entra aqui e ali, mas é a guia do meu estilo poético e político.

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Poema: Erwany Nawar

Poeta: Esperança é uma coisa engraçada de se ter enquanto o mundo desaba pelo lado direito do armarinho anelado

Voz: Jéssica Iancoski | @euiancoski

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“Esperança é uma coisa engraçada de se ter enquanto o mundo desaba pelo lado direito do armarinho anelado

Fazem dias, talvez meses.
Algumas horas, se é para trabalhar sob sinceridade.

Não vejo graça naquilo que via
E o empenado na escrivaninha demonstra que as águas

Modificam as estruturas mais antigas.

É esse inchaço que tanto incomoda,
Essa sensação de sobrecarga.

Talvez seja uma criação mental, uma pequena ilusão por conta do tédio;

Aquilo que importa é que sinto,
Se sei o motivo já não faz diferença.

Motivo é uma invenção bonita para falar de coisa alguma.

Me parece exata a incapacidade de permanecer fora
Do pleno devir. Esta insustentável aplicação do tempo
É a única válvula de escape para a própria tortura que são os dias.
Pouco entendo como as coisas existirão nos próximos instantes.
Da mesma, pouco lembro de como as coisas foram. Acredito unicamente
Que foram como deveriam ser, este fatalismo condicional é o que me alivia.

Jamais haverá no mundo um instante tal como os que correram até agora,
Tudo aquilo que foi hoje é criatura afogada pelas marés da nostalgia.

As eras modificaram os mares,
Agora seguem novas ondas.

Aquilo que sinto é a correnteza dos novos momentos,
O mundo parece morno.

Neste exato instante, a esperança é algo engraçado de se ter enquanto
O mundo desaba pelo lado direito do armarinho anelado.
Já não nos cabem os segredos, as senhas;
As gavetas guardam as pastas vazias de memórias que foram corrompidas.

Sou inocente diante do tempo, uma única vítima de todos os momentos que
Correram.

Culpado unicamente por existir.

Sinto que a esperança é uma coisa engraçada de se ter,
As eras modificaram as posses.

Tenho a culpa, o tédio, o sono;

Me falta a perspectiva do futuro.

Não há solo para as graças hoje.”

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